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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

QUANDO EU ERA MENINA




(Imagem retirada da Internet)

Quando eu era menina (e já lá vão tantos anos) o Natal era uma festa. Meus pais, e meus avós diziam que na noite de Natal o Menino Jesus vinha recompensar os meninos bons e trazer presentes. Nós vivíamos num barracão de madeira que em tempos fora habitado por 4 casais e respectivos filhos, mas no qual ficaram apenas os meus pais, quando os outros casais se foram. O barracão tinha um salão com 11 metros ao fundo do qual tinha um fogão, constituído por duas fileiras de tijolos com uma grelha em cima, e um forno de tijolo onde minha mãe cozia o pão.Pelo Natal todos os anos vinham meus avós do Norte e se juntavam lá em casa com alguns dos filhos, – meus tios.Não havia rádio, nem TV, nem sequer luz eléctrica. Mas haviam 3 candeeiros a petróleo, que na noite de Natal ficavam acesos até depois da meia-noite. Antes do Natal meu pai colhia no pinhal perto da nossa casa, muitas pinhas, que debulhava. Partia alguns pinhões para comermos e os outros eram para jogarmos. Ele mesmo fazia uma piorra com o Rapa Tira Põe e Deixa. Ou então jogávamos ao "Pinhas alhas" que era assim. Cada um tinha 50 pinhões para começar o jogo. Pegávamos uns quantos na mão fechada, e dizíamos para os parceiros "Pinhas alhas" e o outro respondia "abre a mão e dalhas". "Sobre quantas?" E saía um número. Se fosse a quantidade que tínhamos na mão, tínhamos que dar os nossos pinhões. Mas se errassem tinham que nos dar tantos pinhões quantos tínhamos. E era o nosso entretém.
Pelas 10 horas, meu pai dizia que tínhamos de ir para a cama e mandava-nos pôr os tamancos junto ao fogão para o Menino Jesus deixar os presentes. E nós lá deixávamos os tamanquitos e íamos para a cama na esperança de que nesse ano o menino Jesus deixasse uns brinquedos iguais aos dos filhos do capitão que geria a Seca do Bacalhau, onde os meus pais trabalhavam e nós vivíamos. Mas no dia seguinte era sempre a mesma coisa. Uma tremenda decepção, pois lá só havia meia dúzia de rebuçados e dois ou três figos secos.
Lembro-me que um ano, decidi esperar acordada a chegada do Menino Jesus para lhe perguntar porque é que deixava lindos brinquedos aos filhos do capitão que eram meninos ricos a quem não faltava nada e a nós que éramos tão pobres que não tínhamos nada só deixava rebuçados. Consegui manter-me acordada e quando ouvi barulho, levantei-me e apanhei a minha mãe a pôr os rebuçados nos tamancos. Fiquei tão revoltada, pensei que o Menino Jesus não queria saber de nós, fartei-me de chorar, e foi a minha avó que para me acalmar, me explicou que o Menino Jesus não vinha dar prendas a ninguém que era uma tradição dizerem isso porque fazia anos que Ele nascera, mas que na verdade as prendas eram dadas pelos pais e os meus não tinham dinheiro que desse para outra coisa que não os rebuçados. Foi um choque e um alívio ao mesmo tempo.

ESTA É A MINHA CONTRIBUIÇÃO PARA AJUDAR A ISABELA. SE GOSTOU DESTE TEXTO POR FAVOR COMENTE AQUI. CADA COMENTÁRIO É UMA MIGALHA PARA ALIMENTAR O SEU SONHO. NÃO FIQUE INDIFERENTE.
OBRIGADA A TODOS.
ENTRETANTO VOU CONTINUAR AUSENTE, POIS MINHA MÃE CONTINUA INTERNADA E BASTANTE MAL.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

LYA LUFT


CANÇÃO DA PLENITUDE

Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele
translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura
agrandada pelos anos e o peso dos fardos
bons ou ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)
O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir
quando em outros tempos choraria,
busca te agradar
quando antigamente quereria
apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora: esses dourados anos
me ensinaram a amar melhor, com mais paciência
e não menos ardor, a entender-te
se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força -- que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés -- mesmo se fogem -- retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias.


Lya Luft

Biografia
Lya Luft nasceu no dia 15 de Setembro de 1938, em Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul. Até 18 de Março de 2008, data da publicação deste texto bio´gráfico na Home Page do Século XXI, Lya contava com 70 anos e morava em Porto Alegre.
Por se tratar de cidade de colonização alemã, as crianças, em quase sua totalidade, falavam alemão, e os livros utilizados nas escolas vinham da Alemanha. Com onze anos, Lya decorava poemas de Goethe e Schiller.
Posteriormente, estudou em Porto Alegre, onde se formou em pedagogia e letras anglo-germânicas.
Iniciou sua vida literária nos anos 60, como tradutora de literaturas em alemão e inglês. Lya Luft já traduziu para o português mais de cem livros. Entre outros, destacam-se traduções de Virginia Wolf, Reiner Maria Rilke, Hermann Hesse, Doris Lessing, Günter Grass, Botho Strauss e Thomas Mann. Ela diz que traduzir é sua verdadeira profissão.
Conheceu Celso Pedro Luft, seu primeiro marido, quando tinha 21 anos. Ele tinha quarenta. Era irmão marista. Foi numa prova de vestibular. Achou-se ridícula quando pensou: esse é o homem da minha vida! O irmão marista tirou a batina para casar com ela em 1963.
Nessa paixão, começou a escrever poesia. Os primeiros poemas foram reunidos no livro "Canções de Limiar" (1964).
Tiveram três filhos: Suzana, em 1965; André, em 1966; e Eduardo, em 1969.
Em 1978 lança seu primeiro livro de contos, "Matéria do Cotidiano".
A ficção entrou em sua vida dois anos depois de um acidente automobilístico quase fatal em 1979. Como teve uma visão mais próxima da morte, diz a autora que começou a fazer tudo que evitava.
Primeiro foram crónicas, com o lançamento de "As Parceiras", em 1980, e "A Asa Esquerda do Anjo", em 1981. Textos amenos. Uma espécie de fingimento de que na vida tudo é bom. A morte é encarada como uma coisa normal. Mas gostaria que todos os seus amigos fossem eternos. Mesmo assim, acha a morte uma coisa mágica.
Em apenas oito anos Lya Luft sofreu duas perdas grandes demais. Dos 25 aos 47 anos foi casada com Celso Pedro Luft. Separou-se dele em 1985 e foi viver com o psicanalista e escritor Hélio Pellegrino, que morreu três anos depois. Em 1992 voltou a casar-se com o primeiro marido, de quem ficou viúva em 1995
BIOGRAFIA DAQUI

sábado, 21 de novembro de 2009

CARLA DIAS


Bebi... sim...

de gole em gole, refrescou-se o silêncio
com a balbúrdia
da tua sofisticada
ausência.

Enveredou-se
pela trilha estreita,
Gritando,
voluptuosidade
ao inverno
e ao sol que gela.

Pouco a pouco,
reviram-se papéis
sobre a mesa
na hora do jantar.

Palavras sobrevoam
a fome latente.
Parece bonito,
mas quase arde.
Lentamente,
sedas se arrastam
pelo chão
da tua ausência.

Assim como meu corpo,
cravado em dúvidas,
no sofá,
retrata nosso momento fatal.

Não me traga
um rosto
quase pálido
de vida.

Traga-me
o perfume
engarrafado
no teu sorriso.

Assim
a ausência passa
e com ela
o grande perigo.

Perder...


Biografia

No site da escritora encontrará uma extensa biografia escrita pela própria. AQUI

Foto recebida por email.

domingo, 15 de novembro de 2009

UMA MARIA



Sinto-me apanhada
Pela fantasia da vida.
Germina dentro de mim
A possibilidade de caminhar
Com os pés desnudados,
Deixar o cabelo ao vento
Desprovido de laços ou enfeites
E o peito arregaçado
Até à ternura.
Levanto a saia
Até à cintura,
Entrego-me a esta areia
Branca
Molhada
E rebolo o corpo,
A alma
Até à borda do mar.


Quem se importa comigo?
O homem de cigarro no canto da boca
de olhar esvaziado?
O velho agarrado ao seu bastão
Que caminha junto ao paredão?
Talvez a Maria
Que se aproxima
E vê outra mulher
Que jaz na areia molhada
À espera que o Mar a venha buscar.

Maria José Areal.


Maria José Areal já faz parte da galeria de mulheres-poetas deste blogue. Poderão encontra-la com facilidade pela barra de pesquisas da sidebar.
Não é meu hábito fazer repetições, por muito que goste da autora em questão, a não ser se houver um facto especial. Uma blogagem colectiva, o lançamento de um novo livro etc.
Desta vez estou repetindo Maria José Areal, porque a autora teve a gentileza de me oferecer através de uma sua familiar, a dois dos seus livros de poesia. "À DERIVA" de onde saiu "Uma Maria" e "Sabor a Sal e a Mel" dois livros que aconselho vivamente a quem gosta de poesia.
À autora e à , o meu muito obrigada

A QUEM POR AQUI PASSA, RESTO DE BOM DOMINGO E UMA BOA SEMANA

domingo, 8 de novembro de 2009

HELENA KOLODY


Sonhar


Sonhar é transportar-se em asas de ouro e aço
Aos páramos azuis da luz e da harmonia;
É ambicionar o céu; é dominar o espaço,
Num vôo poderoso e audaz da fantasia.

Fugir ao mundo vil, tão vil que, sem cansaço,
Engana, e menospreza, e zomba, e calunia;
Encastelar-se, enfim, no deslumbrante paço
De um sonho puro e bom, de paz e de alegria.

É ver no lago um mar, nas nuvens um castelo,
Na luz de um pirilampo um sol pequeno e belo;
É alçar, constantemente, o olhar ao céu profundo.

Sonhar é ter um grande ideal na inglória lida:
Tão grande que não cabe inteiro nesta vida,
Tão puro que não vive em plagas deste mundo.


Helena Kolody nasceu em 1912, em Cruz Machado, Paraná, no dia 12 de outubro. Filha de Miguel e Vitória Kolody, dois imigrantes ucranianos que se conheceram no Brasil.
Helena passou a infância na cidade catarinense de Três Barras, segundo uns, na cidade de Rio Negro segundo outros. Em 1926, concluiu o curso de guarda-livro e, no ano seguinte, mudou-se com a família para Curitiba, onde residiu até sua morte. Em 1928, publica seu primeiro poema, "A lágrima". Em 1931, conclui o curso da Escola Normal Secundária. No ano seguinte iniciou uma brilhante carreira no magistério, paixão que só dividiria com a poesia. Em 1941 publicou a primeira obra, "Paisagem interior", que seria seguida por outros treze títulos. Já nesta obra de estréia constavam três haikais, algo raro à época. Estava presente em seu projeto poético esta busca, como disse mais tarde, "da síntese para traduzir o pensamento". Em 2001, foi publicado o livro "Viagem no Espelho e vinte e um poemas inéditos", pela Criar Edições, de Curitiba, Paraná (PR). Essa edição comemorou os 60 anos da publicação de seu primeiro livro.

Outras obras da escritora:

Música submersa (1945)
A sombra no rio (1951)
Vida breve (1965)
Tempo (1970)
Infinito presente (1980)
Poesia mínima (1986)
Ontem, Agora (1991)
Reika (1993)
Caixinha de música (1996)
Poemas do amor impossível (antologia - 2002)

Biografia da net

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

TERESA RITA LOPES

Foto de Luís Araújo Pinheiro

Os apanhadores de conquilhas


Uma família inteira
a apanhar conquilhas

É o pai é a mãe
é os filhos é as filhas

todos acocorados
na sôfrega função

O gotejar do tempo
é coisa que angustia

se não conduz a nada
se não enche vasilha

por isso esta família
sente que cumpre o dia

se ouvir dentro do plástico
o gluglu da conquilha

E eu que sempre apanhei
conchas mas sem miolo

neste imenso areal
desde os confins da infância

tenho que me render
ao triste desconsolo:

até estas gaivotas
só andam à ganância:

cada vez que mergulham
trazem peixe no bico!

E pensar que cantei
a esbelta liberdade

de suas brancas asas!
Por hoje aqui me fico

sofrendo em solidão
esta crua verdade:

Não há gestos gratuitos
por mais que diga ou faça

famílias ou gaivotas
a cada um seu isco

em serviço ou em férias
nenhum voo é de graça

só entendem o mar
se produzir marisco

Mas e eu que faço eu
a pé por estas ilhas

com ar de quem levou
uma pedrada na asa

senão catar também
umas tristes conquilhas

estas rimas forçadas
que vou levar para casa?!

Teresa Rita Lopes


Biografia


Nasceu em Faro, em 1937. Viveu 13 anos em Paris onde foi professora na Sorbonne e defendeu a tese de doutoramento "Fernando Pessoa et le drame symboliste – héritage et création". É professora catedrática na Universidade Nova de Lisboa.

Teresa Rita Lopes é um dos maiores especialistas contemporâneos em Fernando Pessoa, tendo centrado o seu trabalho académico na obra deste poeta e dedicando-se especialmente à divulgação da parte inédita da sua obra.

Dirige um grupo de investigadores que produziu várias obras, nomeadamente um guia de Lisboa, escrito por Pessoa, com traduções em várias línguas (espanhol, francês, italiano e duas em alemão).

Das obras produzidas individualmente em português destaca-se Pessoa por conhecer (2 volumes, mais de 400 inéditos) e uma edição crítica: Álvaro de Campos – Livro de Versos (mais de 80 poemas inéditos).

Organizou várias exposições sobre Fernando Pessoa, em Espanha (inauguração em Madrid, itinerante por toda a Espanha), no Brasil (inaugurada em S. Paulo, depois itinerante) e em França (Paris, Centre Pompidou – Beaubourg).

Tem-se dedicado à obra de Miguel Torga, sobre a qual tem vários ensaios. Tem além disso colaborado regularmente em várias publicações literárias portuguesas e estrangeiras, quer no domínio do ensaio, quer da poesia.

Dedica-se à poesia, tendo três livros publicados e, regularmente, a teatro.

Tem peças publicadas e representadas em Portugal e no estrangeiro: França, Bélgica, Itália, Roménia, Alemanha. A sua peça Se Mentes (Wenn du lügst – Samen) foi escolhida para representar Portugal no Festival de Autores de Teatro na Bonner Biennale 94 – e posteriormente representada em Munique e em Roma.

Dona de vasta obra em vários campos, que poderá consultar no site de onde retirei a biografia.

Biografia retirada DAQUI

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

LUÍSA AZEVEDO

RASGOS DE LOUCURA

Apetece-me correr. correr,
num grito desvairado. assustar medos.
não parar. castigar o corpo. martirizá-lo,
até à exaustão. apetece-me correr, correr, correr...
acabaria num choro,
prostrada no chão. sem forças.
cada passada seria um grito mudo... porque me apetece gritar.
cada passada seria um desabafo... porque me apetece desabafar.
deste fogo... que não consigo apagar.
tu. que me queimas.
importa se não é o que queres?! é o que sinto.
como esta vontade enorme de gritar.

a noite não me traz a calma do sono.
o descanso dos pensamentos.
a noite nada me traz a não ser eu mesma... outra vez!
num corropio de ideias sem nexo. electrizantes.
uma mistura de frases incompreensíveis. como tu.
um desassossego que acabaria no fundo de um abismo. numa opção de paz eterna.
eu corro. Desmedidamente, desvairadamente, ofegantemente, exaustivamente, loucamente, arrebatadamente... para calar os gritos.
e não calo!
o nó que trago na garganta não se desaperta. prende-se, a cada grito. mais!
afogo-me no ar que respiro. sufoco no excesso de luz que me persegue.
apetece-me correr. correr, correr, correr... apetece-me não parar até o meu corpo rebentar.

Luísa Azevedo


Biografia
Luísa Azevedo nasceu em Lisboa, a 2 de Setembro de 1964 e vive no Porto desde 1972.
Licenciada em Engenharia Têxtil pela Universidade do Minho, gere desde 1990 uma empresa de mobiliário e decoração.
Publicou em Dezembro de 2008 o livro infantil de poesia "Faz de conta...és poeta!" que ilustrou com o seu filho mais velho.
Participou em Julho de 2009 no 2º volume da antologia de poesia "Entre o sono e o sonho".
Acaba de sair o seu livro "pin uma explicação de ternura" da editora Edita_me.
Que a autora apresenta assim.
"Pin Uma explicação de ternura Ternura (muita), e as palavras que dela nasceram... momentos (muitos) que explica no bater do coração e no brilho do olhar. Ternura... este livro é apenas uma das suas muitas explicações.

Nasci de mão dada com a ternura, com ela cresci, me fiz gente. Aprendi a acarinhá-la, a guardá-la entre os dedos. Semeio-a, com a ajuda do vento. Sacio-lhe a sede, com lágrimas doces. Vejo-a tornar-se maior sem sobejar. Bebo de toda a que me oferecem e entrego-a, na mão de quem a queira de mim beber. Este livro reflecte o que hoje sou. Espero que possa transmitir-vos a serenidade e a ternura que sinto quando escrevo."
A autora tem um blogue que pode visitar AQUI

domingo, 11 de outubro de 2009

ANA MARQUES GASTÂO


Vens de noite no sonho


Vens de noite no sonho
sem pés
entre páginas
de gasta paciência
quando a música findou
e teu sorriso se desfez
como um grão de pólen.

Vens no veneno oculto
de meus dias
no silêncio
dos meus ossos
devagar
arrastando em queda
o nosso mundo.

Vens no espectro
da angústia
na escrita
inquieta
destes versos
no luto maternal
que me devolve a ti.

A escuridão desce então
sobre o meu corpo
quando o rosto da morte
adormece na almofada.

Ana Marques Gastão

Biografia

Ana Marques Gastão (nascida em 1962, Lisboa, Portugal) é poeta, redactora cultural do Diário de Notícias e crítica literária. Neste jornal exerce funções, desde 1989, na secção “Artes”, tendo colaborado regularmente na página "Livros" e no suplemento DNA. Advogada, licenciou-se na Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa. Publicou Tempo de Morrer, Tempo para Viver (1998), Terra sem Mãe (2000), Três Vezes Deus, em co-autoria com António Rego Chaves e Armando Silva Carvalho (2001), e Nocturnos (2002). Integra várias antologias e representou Portugal em diversos eventos internacionais. Tem editada no Brasil uma antologia pessoal, intitulada A Definição da Noite (Escrituras, 2003).

Biografia DAQUI

domingo, 4 de outubro de 2009

AMÁLIA RODRIGUES



foto DAQUI

LÁGRIMA
Cheia de penas
Cheia de penas me deito
E com mais penas
Com mais penas me levanto
No meu peito
Já me ficou no meu peito
Este jeito
O jeito de te querer tanto

Desespero
Tenho por meu desespero
Dentro de mim
Dentro de mim um castigo
Não te quero
Eu digo que não te quero
E de noite
De noite sonho contigo

Se considero
Que um dia hei-de morrer
No desespero
Que tenho de te não ver
Estendo o meu xaile
Estendo o meu xaile no chão
Estendo o meu xaile
E deixo-me adormecer

Se eu soubesse
Se eu soubesse que morrendo
Tu me havias
Tu me havias de chorar
Uma lágrima
Por uma lágrima tua
Que alegria
Me deixaria matar

Amália Rodrigues

Biografia
Amália da Piedade Rodrigues nasceu em 1920, em Lisboa, filha de pais naturais da Beira Baixa. A data certa do nascimento é desconhecida: em documentos oficiais nasceu a 23 de Julho, mas Amália sempre considerou que nasceu no primeiro dia desse mês. Educada pela avó, cantou pela primeira vez em público em 1929 numa festa da Escola Primária da Tapada da Ajuda, que frequentava. Mais tarde trabalhou como bordadeira. Em 1933, empregou-se numa fábrica de bolos e rebuçados em Lisboa e dois anos mais tarde, com a irmã Celeste, trabalhou numa loja de souvenirs no Cais da Rocha, acompanhada pela mãe, vendedora de fruta. Poderá encontrar uma biografia completa AQUI



A fazer 10 anos do seu desaparecimento, esta é a minha homenagem a essa grande senhora que para além de cantar como os deuses também escreveu belos poemas.

domingo, 27 de setembro de 2009

AMÉLIA DALOMBA

Foto de um quadro do pintor angolano Eleuterio Sanches retirada DAQUI

HERANÇA DE MORTE

Lírios em mãos de carrascos

Pombal à porta de ladrões

Filho de mulher à boca do lixo

Feridas gangrenadas sobre pontes quebradas

Assim construímos África nos cursos de herança e morte

Quando a crosta romper os beiços da terra

O vento ditará a sentença aos deserdados

Um feixe de luz constante na paginação da história

Cada ser um dever e um direito

Na voz ferida todos os abismos deglutidos pela esperança



Amélia Dalomba


Biogradia



Amélia Dalomba, nasceu em Cabinda aos 23 de Novembro de 1961. Tem exercido actividades profissionais em diversas áreas do jornalismo, nomeadamente radiofónico e de imprensa. Publicou poemas e artigos no Jornal de Angola. Presentemente prossegue os estudos superiores de Psicologia.

É uma das poucas vozes femininas que no nosso meio literário demonstra um relevante interesse em trazer contribuições novas para a poesia angolana. A sua dicção poética insere-se, até este momento, numa das correntes visíveis entre os autores da Geração das Incertezas, a chamada Geração de 80.

Tal tendência ou corrente manifesta-se através de um ostensivo tratamento estético da relação que se estabelece entre o homem e a mulher. Nota-se o recurso a um despojamento vocabular denso do ponto de vista semântico, resultando daí aquilo a que poderia denominar uma poética corporal.

Sobre a poesia desta autora, Manuel Rui diz: " No sentir, o laboratório dos sentidos para escrita, percebe-se à primeira vista, que é mesmo feminino".

Amélia Dalomba é membro da União dos Escritores Angolanos em cujos corpos gerentes tem ocupado diversos cargos. Publicou: Ânsia (1995) e Sacrossanto Refúgio (1996)

Biografia DAQUI

domingo, 20 de setembro de 2009

GABRIELA MISTRAL


imagem da net

VERGONHA

Se tu me olhas, eu me torno formosa

como a erva a quem desceu o orvalho,

e desconhecerão minha face gloriosa

as altas canas quando baixe o rio.

Tenho vergonha de minha boca triste,

de minha voz rota, de meus joelhos rudes;

agora que me olhaste e que vieste,

me percebi pobre e me toquei desnuda.

Nenhuma pedra no caminho achaste

mais despida de luz na alvorada

que esta mulher a quem levantaste,

porque ouviste seu canto, o olhar.

Eu me calarei para que não conheçam

minha ventura os que passam pelo campo,

no fulgor que há em minha face tosca

e no tremor que há em minha mão...

É noite e desce à erva o orvalho;

olha-me fundo e fala-me com ternura,

que de manhã, ao descer ao rio

a que beijaste levará formosura!

Gabriela Mistral


Biografia

Gabriela Mistral foi o pseudónimo escolhido por Lucila de Maria del Perpetuo Socorro Godoy Alcayaga (Vicuña, 7 de Abril de 1889 - Nova Iorque, 10 de Janeiro de 1957). Poetisa, educadora, diplomata e feminista chilena, vencedora do Prémio Nobel da Literatura em 1945. Os temas centrais nos seus poemas são o amor, o amor de mãe, memórias pessoais dolorosas e mágoa e recuperação. Lucíla nasceu na cidade de Vicuña, Chile, em 7 de Abril de 1889. Seu pai abandonou a família quando Lucíla completou três anos de idade. A mãe de Lucila faleceu no ano de 1929 e a escritora lhe dedicou a primeira parte de seu livro Tala, a que chamou: Muerte de mi Madre. Educada em sua cidade natal, começou a trabalhar como professora primária (1904) e ganhou renome ao vencer os Juegos Florales de Santiago (1914) com Sonetos de La muerte, sob o pseudónimo de Gabriela Mistral,cuja escolha deu-se em homenagem aos seus poetas predilectos: o italiano Gabriele D'Annunzio e o provençal Frédéric Mistral.

Em 1922 é convidada pelo Ministério da Educação do México a trabalhar nos planos de reforma educacional daquele país. O Prémio Nobel transformou-a em figura de destaque na literatura internacional e a levou a viajar por todo o mundo e representar seu país em comissões culturais das Nações Unidas, até falecer em Hempstead, estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos.

A notoriedade a obrigou a abandonar o ensino para desempenhar diversos cargos diplomáticos na Europa. Tida como um exemplo de honestidade moral e intelectual e movida por um profundo sentimento religioso, a tragédia do suicídio do noivo (1907) marcou toda a sua poesia com um forte sentimento de carinho maternal, principalmente nos seus poemas em relação às crianças. Em sua obra aparecem como temas recorrentes: o amor pelos humildes, um interesse mais amplo por toda a humanidade.


Biografia DAQUI



À MARGEM:

PARA QUEM VIVE NO PORTO OU PERTO, NÃO ESQUECER HOJE O LANÇAMENTO DO NOVO LIVRO DA PIN ÀS 16 HORAS NO ATENEU COMERCIAL DO PORTO.

TAMBÉM PARA AQUELES QUE APENAS TOMARAM CONHECIMENTO COM A POESIA DE TÂNIA TOMÉ ATRAVÉS DESTE ESPAÇO, INFORMO QUE A AUTORA POSSUI DOIS ESPAÇOS ONDE PODE CONHECÊ-LA MELHOR BEM COMO À SUA OBRA.

AQUI

E

AQUI


VÃO ATÉ LÁ E NÃO SE ARREPENDERÃO

UMA BOA SEMANA A TODOS

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

REGINA COELI




O uivo do vento

Quando na sua solidão
encontrar a minha ausência.
Quando nos seus abraços
não encontrarem o meu peito,
quando os seus lábios
não encontrarem os meus beijos,
quando na sua saudade encontrar um lamento,
escuta o uivo do vento.
Serei em sua vida
um raio, uma tempestade,
um murmúrio na escuridão.
Um gemido de saudades
voando no seu desejo.
Estarei no brilho dos seus olhos,
serei o seu aconchego
e no delírio de amor
serei o seu calor!
Nos meus lençóis amarrotados
que a lua enche de luar
aonde você vai acordar,
encontrará suspiros ternos de amor.
Vem bailar nos olhos de quem lhe ama,
não deixe apagar essa chama
que a lua a noite ateou.
Serei um toque de veludo,
serei tudo...
Serei a felicidade, serei a vida
jamais esquecida...
Serei a alma que o desejo agita,
o eco do silêncio, que grita
Serei você e serei eu...

Regina Coeli


Biografia

"Sou uma pessoa guerreira e espiritualista. Gosto de fazer amizades, viajar e ir ao encontro de novas culturas. Fiel aos meus princípios, sou amorosa, adoro escrever, sonhar, namorar, tomar banhos de cachoeiras e viver a vida intensamente. Gosto de olhar o mundo na cor do céu! Adoro os meus filhos, o meu neto e os meus amigos. Tomara que vocês gostem do meu cantinho, desejo muita luz a todos! Deixo uma mensagem para reflexão. Existem pedras, não desista de andar... Existem barreiras, não desista de pisar... Existem os nós, é preciso desatar. Existe o desânimo, é o pior que há. A estrada é longa, não desista de chegar. Existe o cansaço, é preciso caminhar. Existe a derrota, você nasceu para ganhar. Existe o desamor... é fundamental amar..."

Estas são as palavras com que a autora se descreve no seu blogue

http://deusaodoya.blogspot.com/

domingo, 6 de setembro de 2009

SOROR VIOLANTE DO CÉU





SONETO

Vida que não acaba de acabar-se,
Chegando já de vós a despedir-se,
Ou deixa, por sentida, de sentir-se,
Ou pode de imortal acreditar-se.

Vida que já não chega a terminar-se,
Pois chega já de vós a dividir-se,
Ou procura, vivendo, consumir-se,
Ou pretende, matando, eternizar-se.

O certo é, Senhor, que não fenece,
Antes no que padece se reporta,
Por que não se limite o que padece.

Mas viver entre lágrimas, que importa
Se vida que entre ausência permanece
É só viva ao pesar, ao gosto morta?

soror Violante do Céu


Biografia



Soror Violante do Céu (1602-1693) era uma freira dominicana que na vida secular se chamou Violante Montesino. Professou no Convento de Nossa Senhora do Rosário da Ordem de S. Domingos em 1630. Foi uma das poetizas mais consideradas do seu tempo, sendo conhecida pelos meios culturais da época como Décima Musa e Fénix dos Engenhos Lusitanos. É hoje um dos máximos expoentes da poesia barroca em Portugal. Aos 17 anos celebrizou-se ao compor uma comédia para ser representada durante a visita de Filipe II a Lisboa. Além do volume Rimas publicado em Ruão em 1646 e do Parnaso Lusitano de Divinos e Humanos Versos, publicado em Lisboa em 1733 em dois volumes, tem várias composições poéticas na Fénix Renascida.

Biografia retirada daquihttp://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/violante.htm

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

MARIA JOSÉ AREAL



Não pensem que...


Não pensem que vou desistir da vida,
Só porque os dias me açoitam
E as noites me agitam.


Não pensem que vou desistir da vida,
Só porque lá fora o mundo se atropela
E agente anda aturdida.


Não pensem que vou desistir da vida,
Só porque em Agosto choveu
E o mar estremeceu.


Não pensem que vou desistir da vida,
Só porque os olhos do vento
Se esbugalharam contra os meus.


Não pensem que vou desistir da vida,
Só porque o Gaio deixou de cantar
E a seara não deu trigo maduro.


Não pensem que vou desistir da vida,
Só porque ser amigo demora
E as palavras deixaram de ser sentidas.


Não pensem que vou desistir da vida,
Só porque desacreditaram os poetas
E esqueceram as laranjas da madrugada.


Não pensem que vou desistir da vida,
Só porque uma árvore morreu queimada
E a rosa murchou no umbral da tua casa.


Não pensem que vou desistir da vida.
Não pensem que vou desistir da vida.
Sobra-me o espanto e tanto atrevimento.



Maria José Areal



Biografia
Nasceu em 13 de Fevereiro de 1951, na freguesia de Cristelo-Covo, concelho de Valença, de onde saiu , como emigrante, para os E.U.A. no ano de 1967, regressando dois anos depois, para reiniciar os seus estudos no Colégio de Nossa Senhora de Fátima, em Valença.
No ano de 1975 concluiu o Curso do Magistério Primário, iniciando as suas funções docentes na Telescola de Riba de Mouro-Monção.
Entre o ano de 1978 1 1985, integrou o Projecto “Educação Física e Desporto Escolar” nas escolas do 1º Ciclo dos concelhos de Vila Nova de Cerveira e Valença, considerando um dos momentos altos, em termos de aprendizagem, na sua carreira.
No ano de 1986 matriculasse na Universidade Portucalense, concluindo a Licenciatura em Ciências Históricas, no ano de 1990.
Passa pela Universidade do Minho, onde conclui a parte curricular do mestrado em Demografia Histórica, encontrando-se no ano de 1999 a frequentar o Doutoramento na Universidade de Santiago de Compostela na Galiza.
Desde a ano de 1995 até 2007 foi Directora do centro de Formação de Professores de caminha e Vila Nova de Cerveira.
Actualmente é docente voluntária na Universidade sénior de Cerveira, nas disciplinas de Expressão Corporal e História da Oralidade: e é também voluntária na biblioteca de Cerveira onde "dirije" um clube de Leitura.
Casada com o Arqº. Jaime Areal e mãe do Luís Carlos, reparte o seu tempo nas coisas da vida. A dança e a poesia são o seu vínculo mais real ao universo da fantasia.

Obras da autora

Pedaços de Mim - Maio 1999
À Deriva - Fevereiro 2004
Sabor a Sal e a Mel – Maio de 2006
Pedaços de Memória - Itinerâncias no tempo e no espaço". Composta por 27 histórias verdadeiras, de 7 autores, (grupo de alunos da História da Oralidade) sobre a sua coordenação.



Biografia cedida por um familiar da autora.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

PARABÉNS PARA MIM

Para todos os que habitualmente passam por este espaço, neste dia que é o do meu aniversário,
fiquem um pouco e sirvam-se do bolo e champanhe virtual, usando a imaginação para sentirem o sabor...

(fotos do Sr. Google)

domingo, 23 de agosto de 2009

TÂNIA TOMÉ

Foto da net

África Inexplorada


Eu sou a parte de toda África

Ainda inexplorada

Onde batuque

Se auto musica

No orvalho terrestre

Nas aguas ainda mudas

Que correm a mutação

Das savanas e das pestes

Eu sou África ainda pura

Que nos seus campos virgens

Ainda adora o sol

E o canta pentatónica

Com a felicidade de existir

Sou África em cada pedaço de mim

E cada pedaço de mim a existir

Mupipi sobrevoando o grão

Urdindo o cântico litúrgico

Da utopia nas sementes

Marrabentando o futuro

Com mesmo sol dendêm

Das acácias e das palancas

Das palmeiras alcançando o céu

Eco ritmando o mistério e o feitiço

Da mãe ventrando a terra una

E da mão carne e alma de mulher

Eu sou a África profunda

Nos montes e ilhas

Que clamam os quatro ventos

Do sonho e dos horizontes

Que nos escorrem pelos dedos

No desacredito dos desertos

E das rochas esquecidas

Sou eu África fecunda

Que te escrevo

No sabor do lirismo que nos une

Na poesia dos povos

Neste exotismo de ânsias

Que nos sonha

Parte da África ainda inexplorada.


Tânia Tomé


biografia:

Tãnia Teresa Tomé nasceu a 11 de Novembro de 1981,na cidade de Maputo em Moçambique. Desde cedo que nutre uma paixão fulminante pelas artes, e com ela vai crescendo nos envolvimentos e interacções que vai tendo na vida artístico-cultural.

Cantora, compositora e declamadora são as outras actividades que a identificam e que vai exercendo para além da actividade profissional[Analista de Risco de Crédito no Banco].É Licenciada em Economia e Pos-graduada em Auditoria e Controlo de Gestão pela Universidade Católica Portuguesa [Portugal,Porto].

Faz parte de uma antologia Palop, para além de participações em alguns boletins e jornais, é membro da AEMO [Associação dos escritores Moçambicanos], e faz parte de um Movimento cultural [100 critica] composto por artistas que promovem recitais de poesia e música tradicional e acústica em Moçambique [Meu país Amado].

Participou em alguns projectos de poesia e declamação,de referenciar 'Dentro de mim outra ilha de Júlio Carrilho' com Jaime Santos [Declamador Moçambicano], e participação na Feira da Voz no Franco-Moçambicano como Júri de Declamação e actuação com Eduardo White [Poeta Moçambicano], ganhou alguns prémios de poesia, e têm 'mão' alguns projectos para o futuro presente.

Esta aberta a critica construtiva, a reflexão, a opiniões variadas, e a conselhos.A vida é uma recta continua de aprendizagem, qualquer amadurecimento implica o reconhecimento de ainda necessitar de crescimento, e da consciência exacta de se ainda ser pequeno,mas não obstante ter uma tarefa enorme a cumprir: com a minha acção socio-cultural individual contribuir com o crescimento do meu País [MOÇAMBIQUE] e do mundo que me gira a volta.

' Escrevo,para que numa dimensão sem espaço e sem tempo, eu possa interagir comigo e com os outros. Promovendo cultura para todos, conscientizando pessoas, alimentando espíritos e fazendo emergir por momentos constantes e incessantes 'PRAXIS' E 'GNOSES'. Para que possa eu, ver de mim a crescer e aprender com tudo e todos os que me possam guiar. E com isso contribuir com o que tenho na alma e na mente para fazer crescer outrem, fazer crescer meu MOÇAMBIQUE, fazer crescer MUNDO '

Tânia Tomé


Fonte

http://www.poetasdelmundo.com/verInfo_africa.asp?ID=1740


sábado, 15 de agosto de 2009

MARIA JOSÉ FRAQUEZA

Foto da net



HINO DE AMOR

Neste mundo cruel e tão carente
A guerra, a droga, a sida me apavora
Ao ver numa criança,um inocente
O Homem desumano que a explora...

Quero viver num mundo diferente,
Mas que mundo voraz, mundo de agora!
Que a Paz chegasse a todo o continente...
Existe tanta gente que ainda chora!

Eu quero ver um mundo que a sorrir,
Saiba abrir as Portas ao Porvir...
Mais temente a Deus Pai - o Criador!

Amar! Amar... e não ter mais fronteiras
A Bandeira da Paz, nas dianteiras...
Hino à Pátria Amada! Ecos d Amor!

biografia:

Maria José Viegas da Conceição Fraqueza
, natural da Fuseta, nascida em 8 de Maio de 1936, autora inscrita na Sociedade Portuguesa de Autores, tem cerca de 11 obras individuais cujos títulos se descrevem - Histórias da Minha Terra - 1ª e 2ª edições; Alcunhas e Apelidos - Histórias da Minha Gente; Murmúrios do Mar; Vendavais da Alma; Cântico das Ondas; Há Natal Dentro de Mim; Maresias Infinitas; Maré de Trovas; Quando o Mar Canta para Mim; Mar Infinito; Mar de Rosas; Tochas Floridas; Sob as Margens do Gilão e No Tempo da Mana Anica [prosa - conto].
Maria José Fraqueza, é professora aposentada, poetisa, pintora, escritora, calígrafa, radialista e jornalista. Exerceu no ensino secundário até à aposentação 37 anos de serviço dos quais constam inúmeras actividades culturais em paralelo. Como poetisa e prosadora, tem cerca de setecentos prémios a nível nacional e internacional, em jogos florais e concursos literários, em diversas modalidades. Na pintura possui cerca de 40telas a óleo, tendo participado nalgumas exposições colectivas. Como escritora dramaturga, tem diversas obras teatrais já apresentadas em palco, desde Almada a Vila Real de Santo António. Tem participado em diversos jornais e revistas com crónicas, entrevistas e artigos, não só em Portugal como no Brasil. Como radialista há cerca de nove anos que realiza o programa semanal na Rádio Gilão de Tavira - 'A Poesia em Movimento - Onda Poética ' entre outros em que já colaborou e realizou em diversas rádios locais - A Magia das Palavras - Poeta é o Povo - Clube dos Poetas Vivos - Poetas da Minha Terra.
É sub-directora do Jornal Correio Meridional e fundadoura do Jornal Brisas do Sul, a que lhe deu o nome, sendo a sua primeira directora.
É Directora dos Jogos Florais Internacionais de Nossa Senhora do Carmo da Fuseta com 35 anos de existência, vinte anos dos quais tem dinamizado e realizado. Directora Cultural e Presidente da Assembleia do Sport Lisboa e Fuseta; Directora Cultural do Elos Clube de Faro; Vic- Presidente do Clube de Simpatia de Olhão; Vice-Presidente da Associação de Jornalistas e Escritores do Algarve; Presidente em Portugal da Sociedade de Cultura Latina - Secção Brasil - Mogi das Cruzes - S. Paulo; Membro Académico das Academias Brasileiras de Trovas de Magé - Rio de Janeiro; Membro Académico da Academia de Trovas de Niterói; Membro Académico da Accademia Internazionale 'Il Convívio' em Castiglione di Sicília - Itália.
Tem sido júri de diversos Concursos Nacionais de Poesia e Prosa em Portugal, Brasil e Itália.
É ensaiadora de teatro, cantares e danças populares. Na área da música - prémio compositor [letra] - canção ligeira, tem no seu currículo: três primeiros prémios e um segundo, nos anos de 2002, 2003 e 2004, nomeadamente no Festival da Canção do Sul, entre outros.


Biografia DAQUI

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

ISABEL MEYRELLES

imagem do Google


Tu já me arrumaste no armário dos restos
eu já te guardei na gaveta dos corpos perdidos
e das nossas memórias começamos a varrer
as pequenas gotas de felicidade
que já fomos.
Mas no tempo subjectivo
tu és ainda o meu relógio de vento
a minha máquina aceleradora de sangue
e por quanto tempo ainda
as minhas mãos serão para ti
o nocturno passeio do gato no telhado?

Isabel Meyrelles

Biografia

Escultora e poetisa portuguesa nascida em 1929, em Matosinhos. Começou cedo o seu interesse pela escultura, aos 16 anos iniciou os estudos no Porto, mas decidiu ir para Lisboa estudar e conhecer os artistas nas tertúlias dos cafés. Assim sendo, conheceu personalidades das artes, como Mário de Cesariny e Cruzeiro Seixas, e assistiu ao surgimento do Grupo Surrealista Português e do Os Surrealistas. Corrente artística à qual ficou sempre, de alguma forma, ligada.Nos tempos difíceis que se viviam em Portugal, Isabel Meyrelles sentiu a necessidade de evasão, de sair do país para viver em liberdade. Foi então que decidiu ir viver para França, o seu país de adopção e com o qual se identifica. Em Paris continuou os estudos, desta vez não só de Escultura, na Ecole National Supérieure des Beaux-Arts, como também de Literatura, na Universidade de Sorbonne. Fez várias exposições em Portugal e em França e traduziu obras de vários autores como, por exemplo, Jorge Amado.As suas obras literárias foram publicadas tanto em português (nos primórdios) como em francês. São elas: Em Voz Baixa (1951), Palavras Nocturnas (1954), O rosto deserto (1966), O Livro do Tigre (1976), O Mensageiro dos Sonhos, publicado somente na antologia Poesia (2004).


fonte: infopédia

terça-feira, 28 de julho de 2009

HELGA MOREIRA





Apago cigarro após cigarro,
a chávena ainda quente do café,
e o corpo todo à escuta.
No sono entrevi o teu olhar e
ao visitar-te, excessivamente te beijei.
Entre temor, entre comas, os lugares
que habito são apenas pontos
de esquecimento e fuga.
Tenho medo, por vezes, de estar em casa,
outras, de sair, não sei o que me persegue
ou persigo, movo-me apenas
por entre odores, escombros, e aflita
com perigos indefiníveis.




Os dias todos assim, 1996,


Biografia


Nasceu na Guarda. Fez estudos de Física e começou a publicar poesia nos anos 80. Depois de uma pausa de 11 anos, volta a publicar com alguma regularidade a partir da segunda metade dos anos 90, propondo uma poesia muito pessoal onde se entrelaçam, com registos do quotidiano, a angústia, a emoção e o desejo.

Obras da autora

1978 Cantos do Silêncio
1980 Fogo Suspenso
1983 Quem não vier do sul
1985 Aromas
1996 Os Dias Todos Assim
2001 Um Fio de Noite
2002 Desrazões
2003 Tumulto
2006 Agora que falamos de morrer



fontes:
Wikipédia
O livro "Cem poemas portugueses"
http://www.arlindo-correia.com/141202.html


PARA OS AMIGOS QUE POR AQUI PASSEM. VOU ESTAR AUSENTE, JÁ QUE O PC VAI HOJE PARA A OFICINA, SEM DATA MARCADA PARA O REGRESSO.

sábado, 18 de julho de 2009

DINA SALÚSTIO


foto DAQUI


ÉRAMOS TU E EU

Éramos eu e tu
Dentro de mim
Centenas de fantasmas compunham o espectáculo
E o medo
Todo o medo do mundo em câmara lenta nos meus olhos.

Mãos agarradas
Pulsos acariciados
Um afago nas faces.

Éramos tu e eu
Dentro de nós
Suores inundavam os olhos
Alagavam lençóis
Corriam para o mar.
As unhas revoltam-se e ferem a carne que as abriga.

Éramos tu e eu
Dentro de nós.

As contracções cada vez mais rápidas
O descontrolo
A emoção
A ciência atenta
O oxigénio
A mão amiga
De repente a grande urgência
A Hora
A Violência
Éramos nós libertando-nos de nós.
É nossa a dor.

São nossos o sangue e as águas
O grito é nosso
A vida é tua
O filho é meu.

Os lábios esquecem o riso
Os olhos a luz
O corpo a dor.

A exaustão total
O correr do pano
O fim do parto.


Biografia

Dina Salústio (pseudónimo de Bernardina Oliveira), nasceu em 1941, em Santo Antão, Cabo Verde.
Foi professora, assistente social e jornalista, tendo trabalhado em Cabo Verde, assim como em Portugal e em Angola.
Foi produtora de rádio, dirigindo um programa radiofónico dedicado a assuntos educativos: Gentes, Ideias, Cultura.
Trabalhou no Ministério dos Negócios Estrangeiros e desempemha, actualmente (2005) o cargo de Conselheira do Ministro da Cultura, em Cabo Verde.
É membro e foi uma das fundadoras da Associação dos Escritores Cabo-verdianos. É igualmente sócia fundadora das revistas: Mudjer e Ponto & Vírgula; colaborando noutros periódicos: Fragmentos, A Tribuna, Voz di Povo, Montanha, Pré Textos, Revue Noir, A Semana onde se encontra grande parte de seus textos. Tem, pois, colaboração (em prosa e poesia) na imprensa caboverdiana e no estrangeiro.
Em 1994 foi-lhe atribuído o Prémio de Literatura Infantil de Cabo Verde – no mesmo ano em que publicava colectânea de contos, Mornas Eram as Noites – e em 1999 ganhou o 3º Prémio de Literatura Infantil de Cabo Verde, dos PALOP.
Estreou-se no romance com A Louca de Serrano (1998), sendo este considerado o primeiro romance feminino na literatura caboverdiana.
Participou na antologia de poesia cabo-verdiana org. por J. L. H. Almada: Mirabilis de Veias ao Sol (1991) e na colectânea Cabo Verde: Insularidade e Literatura (Paris, Éditions Karthala, 1998), tanto na versão portuguesa como na francesa.


Biografia DAQUI

quarta-feira, 8 de julho de 2009

ALDA DO ESPIRITO SANTO OU ALDA GRAÇA



foto da net

Avó Mariana

Avó Mariana, lavadeira
dos brancos lá da Fazenda
chegou um dia de terras distantes
com seu pedaço de pano na cintura
e ficou.
Ficou a Avó Mariana
lavando, lavando, lá na roça
pitando seu jessu1
à porta da sanzala
lembrando a viagem dos seus campos de sisal.

Num dia sinistro
p'ra ilha distante
onde a faina de trabalho
apagou a lembrança
dos bois, nos óbitos
lá no Cubal distante.

Avó Mariana chegou
e sentou-se à porta da sanzala2
e pitou seu jessu1
lavando, lavando
numa barreira de silêncio.

Os anos escoaram
lá na terra calcinante.

- "Avó Mariana, Avó Mariana
é a hora de partir.
Vai rever teus campos extensos
de plantações sem fim".

- "Onde é terra di gente?
Velha vem, não volta mais...
Cheguei de muito longe,
anos e mais anos aqui no terreiro...
Velha tonta, já não tem terra
Vou ficar aqui, minino tonto".

Avó Mariana, pitando seu jessu1
na soleira do seu beco escuro,
conta Avó Velhinha
teu fado inglório.
Viver, vegetar
à sombra dum terreiro
tu mesmo Avó minha
não contarás a tua história.

Avó Mariana, velhinha minha,
pitando seu jessu1
na soleira da senzala
nada dirás do teu destino...
Porque cruzaste mares, avó velhinha,
e te quedaste sozinha
pitando teu jessu1?

(É nosso o solo sagrado da terra)

Biografia

Nascida a 30 de Abril de 1926 na cidade de São Tomé, Alda Graça do Espírito Santo, combatente da luta pela independência nacional, instruiu a nova geração pós independência, e pelas suas mãos de poetisa nasceram versos e rimas que sustentam o orgulho da República Democrática fundada em 1975. Uma referência nacional, que rejeita vanglórias e com humildade continua a batalhar pela conquista do progresso do país soberano.

Desde a juventude que Alda Graça do Espírito Santo vive na mesma residência na Chácara, arredores da capital São Tomé. Segundo ela só deixa aquele lugar quando for chamada para o eterno descanso no cemitério do alto São João.

Aos 83 anos, continua lúcida, inteligente, um verdadeiro depósito vivo de saber que continua alimentar gerações de são-tomenses. Foi professor da geração de são-tomenses, que gritou pela independência nacional.

Criou a primeira geração de jornalistas do país, e como poetisa imortalizou o massacre de 1953 no poema TRINDADE, que desde a independência nacional é recitado todos os anos e de forma arrepiante por uma voz feminina.

A poder poético de Alda graça está presente todos os dias, e em todos os momentos de São Tomé e Príncipe. O grito pela independência nacional, a unidade do povo no coro da esperança, é reflectido na letra do hino nacional de que ela é autora.

Membro do Governo de transição, como Ministra da Educação, Alda do Espírito Santo, foi também ministra da informação e cultura. Fez dois mandatos como Presidente da Assembleia Nacional Popular.

Criou a União dos Escritores e Artistas São-tomenses, onde continua a trabalhar na criação de novos valores para cultura literária são-tomense.

“Mataram o rio da minha cidade”, é uma obra de Alda do Espírito Santo, que desperta a atenção dos são-tomenses exactamente para a recuperação da capital e do rio que deu nome a toda a região de Água Grande.

Dados biográficos da autoria de Abel Veiga