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quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

VERA DUARTE

Fotos de Mindelo - Imagens selecionadas
Essa foto de Mindelo é cortesia do TripAdvisor


                    Desejos

Queria ser um poema lindo
cheirando a terra
com sabor a cana

Queria ver morrer assassinado
um tempo de luto
de homens indignos

Queria desabrochar
— flor rubra —
do chão fecundado da terra
ver raiar a aurora transparente
ser r´beira d´julion
em tempo de são João
nos anos de fartura d´espiga d´midje

E ser
riso
flor
fragrante
em cânticos na manhã renovada



Biografia



Vera Duarte (Vera Valentina Benrós de Melo Duarte Lobo de Pina) nasceu em Mindelo, S. Vicente. É Juíza Desembargadora. Exerceu até Março de 2010 as funções de Ministra da Educação e Ensino Superior, foi Pre­sidente da Comissão Nacional para os Direitos Humanos e Cidadania, Conselheira do Presidente da República e Juíza Conselheira do Supremo Tribunal de Justiça. Como poeta, estreou-se na publicação com a obra poética Amanha Amadrugada (1993), a que se seguiram O Arquipélago da Paixão (2001), Preces e Súplicas ou os Cânticos da Desesperança (2005). Tem também variada colaboração em prosa e poesia em jornais, revistas e obras colectivas nacionais e internacionais. Destas cabe destacar entre outras: Across the Atlantic: An Anthology of Cape Verdean Literature (1988), Mirabilis de Veias ao Sol (1998), Antologia da poesia feminina dos PALOP (1998), Na Liberdade (2004), Destino de Bai (2008) e Portuguesia Contraantologia (2009).

Aqui encontram mais informações sobre a autora e outros poemas.

domingo, 1 de dezembro de 2013

MARIA DE FÁTIMA (CHÓ DO GURI)

                 
                                                       



                                                                      INOCÊNCIA

  Já venerei dias de miséria
nos ponteiros trilhados
de um relógio sem tempo
onde cresce o meu tormento
o mesmo flash se repete
Com miúdos sem nome
a abraçar desgraças
nas ruas ...
andam aos milhares
soltando as malícias do ventre
as vozes de fome
no e mesmo instante
em cada flash
brilham as barrigas
 
destes miúdos que esperam
(sem tempo) a abraçar desgraças
contrastam com as barrigas eminentes
da gente que passa e
se escapa a escarrar luxúria
regresso odiosamente à minha infância
com impulsos incontrolados do coração
onde se encontra a muda revolta da minha aflição
vejo-me
revejo-me
nestes retratos na rua
onde o flash se repete em cada esquina
como um pedaço de mim
escondendo-me dos bocejos da noite
mas essa graça da inocência ... eu já perdi. 

Maria de Fátima



Biografia.

A obra literária da escritora angolana Maria de Fátima "Chó do Guri", intitulada "Chiquito da Camuchiba", que narra o quotidiano das crianças trabalhadoras para ajudar nas despesas domésticas, foi a vencedora do prémio Vale Flor de 2011
Chiquito é uma criança luandense, que na praia da Camuchiba, no município da Samba, em Luanda, ajudava as donas de casa que lá se dirigiam para comprar peixe, indicando as vendedoras que vendiam a um preço mais barato.
 Aqui  uma biografia completa da autora.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

EUGÉNIA NETO

imagem da net





SENHOR

Ando com uma vontade louca
de te contactar

se não for contigo
desabafo com quem ...
os amlgos
não sei em que céus planam.

senhor!

Pedra negou-te
antes do galo cantar.

Mas a semen te
queiram ou não
há-de germinar.
Andam tíbios
foi-se-lhes a fé
a esperança e a certeza

Ah,
senhor!

Pedra negou-te
antes do galo cantar.

Mas a semen te
queiram ou não
há-de germinar. 




Biografia


Maria Eugénia da Silva nasceu em Trás os Montes, em 1934. Mas cedo se fez africana, pois casou com o Dr. Agostinho Neto que conheceu em 1948,  e que foi o grande líder da guerrilha Angolana que levou à auto determinação, pelo Acordo do Alvor, e que viria a ser o 1º Presidente de Angola. A partir do casamento, adotou o nome de Eugénia Neto. Utilizando a escrita como arma, Eugénia esteve sempre ao lado do marido na luta pela independência de Angola. Mas não se pense que Eugénia escreveu só para adultos. Sabendo que as crianças de hoje são os homens de amanhã, escreveu várias obras infantis que se encontram traduzidas em várias linguas. Já alcançou o prémio de honra da Comissão da RDA para a Unesco; na Exposição Os mais belos livros do mundo, realizada em Leipzig em 1978, com o seu 1.° livro. E Nas Florestas dos bichos falaram.  Foi directora do Boletim da Organização da Mulher Angolana.
É autora de vários livros, entre os quais: Foi Esperança e Foi Certeza. (Literatura infantil): Nas Florestas dos Bichos falaram (1977); As nossas mãos constroem a Liberdade (1979); A formação de uma estrela e outras histórias na terra (1979).


 
 

domingo, 29 de setembro de 2013

ALZIRA CABRAL








Mantenha

Filha do teu adultério
existo
queiras ou não com a mesma pele.
Exilada
sobrevivo contente na terra dos sem cor.
Com a boa vontade que ganhei
das gentes daqui,
sem ressentimentos nem vergonha
cultivo a mentira da tua grandeza
no existir dos meus descendentes.

E mando mantenhas, oh terra
através dos meus poemas vermelhos:

A cor que me deste!

Biografia
Alzira Cabral nasceu em Cabo Verde (Bissau) em 1955. Sua obra encontra-se dispersa em revistas e uma seleção dos seus poemas foi publicada na antologia “Mirabilis de veias ao sol” (1991). O poema acima foi extraído da antologia “Poesia Africana de Língua Portuguesa”, organizado por Lívia Apa, Arlindo Barbeitos e Maria Alexandre Dáskalos. Lacerda Editores, RJ, 2003.

Poema e biografia retirados daqui

domingo, 15 de setembro de 2013

ZÉLIA CHAMUSCA

A CAMINHO DA LUZ ENCONTREI O SONHO
Parti da escuridão
A caminho da luz
E o sonho encontrei
Em tudo o que pensei
E me encantei…
A caminho da luz
Encontrei a magia
Em tudo o que me envolvia:
A paz e o amor,
A luz e a cor,
A alegria
Na plenitude da fantasia…
Sonhei…
Com o calor da amizade
Outrora realidade,
E, hoje, apenas, saudade…
Do caminho da escuridão
Para o caminho da luz
Eu encontrei
O sonho que sonhei…


Zélia Chamusca

Biografia. Zélia Chamusca é uma excelente poetisa, que tem um blogue aqui. Passem por lá, e no perfil têm a biografia da poetisa. E o seu blogue está cheio de belos poemas.
Boa semana para todos

terça-feira, 3 de setembro de 2013

DEIXA



 
Hoje faço 99 anos. Perdão inverti os números. Rsrsrs. 66.
 Apesar de já ter perdido o nome, ( não sabem? Depois dos 60, passamos ao rol dos idosos e nunca mais ninguém nos trata pelo nome. Reparem nos noticiários) sinto-me feliz, e até me propus este ano ir estudar, coisa que nunca fiz, primeiro porque tive uma infância muito pobre e tive que ir trabalhar muito nova, segundo porque a vida mais tarde por várias vicissitudes nunca me deu essa oportunidade. Ah, mas este ano já me matriculei. Afinal nunca é tarde para nada enquanto estamos vivos não é mesmo?

E como presente deixo-vos aqui um dos meus poemas.


DEIXA

Deixa que a vida
não seja desespero
mas só vida.

Deixa que o mar
não seja túmulo
mas só mar.

Deixa que o sonho
não seja pesadelo
mas só sonho.

Exige
JUSTIÇA
PAZ
AMOR.
E vive...

Deixa
que a vida
seja vida,
e o mar
mar
e o sonho
sonho.
E luta
sofre
ama
e vive...

Essa vida
que não tens
mas anseias
conhecer. 

Elvira Carvalho.

domingo, 25 de agosto de 2013

LILI LARANJO


É PRECISO


É preciso fazer caminho
É preciso encontrar a equipe certa
Porque nós sozinhos,
Nada seremos e nada faremos
E o amor é um bem
Que tem que ser cimentado
para que o caminho seja de verdade.


O amor precisa de caminho limpo
Precisa de união e de gente
Com coração grande,
Gente que saiba dar as mãos.


Que saiba ouvir,
Saiba falar
E depois...
Saiba mesmo caminhar

Dou as mãos
Descubro a minha identidade
Descubro o lado do outro
Que estava escondido.

E pouco a pouco
Vou caminhando em grupo
E sinto que finalmente 
Eu cimento o Amor


Lili Laranjo

Está no mercado um novo livro de poesia de Lili Laranjo. A autora que nasceu em Vidago foi para África muito pequena.  Regressada a Portugal, foi viver para Aveiro. Como toda a gente que algum dia viveu em África a autora não esquece a magia africana e isso é patente em muitos dos seus poemas, e também no nome do seu blogue África em Poesia que poderão visitar.
Além dos vários livros de poesia já publicados a autora já publicou também um livro de histórias infantis.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

JESSICA NEVES





HINO AO DESEJO E À FANTASIA

Cai a noite de mansinho, nua
Em pleno olhar de lua cheia
Agridoce tentação, minha e tua
Adivinhando a última ceia...

Contorno traço a traço o teu rosto
Dos teus lábios de mar, provo o sal
Sinto a ondulação, saboroso mosto
Des(a)pertando o toque celestial...

De asas acetinadas, somos anjos nus
Clamando o hino ao desejo e à fantasia
Diamante lapidados sem tabus
Em noite mágica, recital de poesia...

Troncos suados no cais do prazer
Soprando alto a mais pura paixão
Poema-explosão, sede de pertencer
De quem se quer em êxtase-união!

Afogados a meio da estrela sírio
Nossos corpos mornos, estremecidos
Ancorados um ao outro, em delírio
Exaustos, poeticamente rendidos...

Desvendando segredos ao ouvido
Nu(m)a explosão sem amanhã
Desatam-se as fontes em vagido
Com aroma a canela e hortelã!

Jessica Neves


Biografia

Com menos de 20 anos, Jessica Alexandre Raimundo Neves, nasceu a 8 de Março de 1994, é não uma promessa mas já uma certeza na literatura portuguesa. Natural de Coimbra, descobriu o gosto pela poesia aos 17 anos, mas tem já um livro publicado,  "(Sem) Papel e Caneta (Com) Alma e Coração" da Chiado Editora, várias participações em antologias de poesia, como a "Audaz Fantasia" da UniVersos ou "entre o sono e o sonho" da Chiado Editora. Já ganhou também alguns concursos de poesia.  Aqui
encontram o seu blogue. Vão até lá e verão que não se arrependem





domingo, 14 de julho de 2013

VERA SOUSA



 SAUDADE


Queria ser um perfume que paira no teu abraço,
musa dos teus sonetos.
Queria ser a boia que paira à tona de água
e a liberdade que apazigua o meu sonambulismo de escritora
extasiada pelos chás da emoção.

Quando tenho saudades,
a dor perdura
e os meus olhos clamam pelo brilho intenso
de ver uma alma rejuvenescer.

O que será a minha saudade
sem o tom brilhante das notas tocadas e trocadas?
O que será a minha saudade
sem o êxtase da tua respiração e o pulsar do coração?

A saudade é a distância camuflada
enclausurada por entre janelas enfeitadas
por cortinas desanexadas pela alma
e pelos sorrisos bordados que aparecem
quando se observa de perto o rosto que se procura,
o cheiro e os beijos
entre silhuetas mentais perfumadas pela imaginação.

Vera Sousa
 

Aqui o site da escritora onde pode encontrar a sua biografia.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

ORIDES FONTELA

 

PRECE
Senhora
das feras
e esferas
Senhora
do sangue
e do abismo
Senhora
do grito
e da angústia
Senhora
noturna
e eterna
— escuta-nos!



A ESTRELA PRÓXIMA

A poesia é
 
impossível
 

o amor é mais
 
que impossível
 

a vida, a morte loucamente
 
impossíveis.

 

Só a estrela, só a
 
estrela
 
existe

- só existe o impossível.

BIOGRAFIA

Aqui  encontrarão a biografia da autora bem como

 alguns dos seus poemas. Espero que gostem. Eu

 gostei.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

ALICE VIEIRA.

A CONCHA PERFEITA DAS TUAS MÃOS

sei um jeito de te fazer ficar
murmuravas nas manhãs em que nascíamos
ávidos de nós
e éramos tão novos
e faltávamos às aulas

posso ter esquecido admito muita coisa
caminhos promessas lugares a cor
da saia que vestia no dia em que não voltei
muita coisa admito menos
a concha perfeita das tuas mãos sobre o meu peito
o cheiro das laranjeiras as cartas
em papel tão adolescente e azul
o esplendor de junho à mesa familiar
os espelhos garantindo-nos um lugar único na casa

posso ter esquecido admito muita coisa
menos os nossos corpos simultâneos
às portas do amor

no arco da minha pele que humidamente
se abria ao lume da tua língua

nessas manhãs em que jurámos
não morrer nunca


In “Dois Corpos Tombando na Água”
Editorial Caminho – 2007  


AQUI encontrarão a biografia desta extraordinária escritora cujo talento se expande pela prosa e pela poesia em muitos livros publicados. Imperdoável da minha parte a sua não inclusão até hoje neste espaço.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

25 de ABRIL de 2013. DIA DA LIBERDADE




CANSAÇO

Estou cansada
dos homens que adormecem ao sol
como lagartos.
Estou cansada dos ideais esquecidos
condenados sem nenhum recurso
nas mentes abarrotadas de ambição
dos líderes políticos.

Estou cansada
das aldeias de terras abandonadas
regadas
pelas lágrimas ardentes
das mulheres saudosas.
Estou cansada de crianças sem pai
que não sabem rir
porque ainda não têm pão.

Estou cansada
dos operários submergidos no desespero
dos salários em atraso,
que tornam caricato o pensamento
dum sol que nasce igual para todos.
Estou cansada
das mulheres que não têm noites de amor
desaparecidos os seus homens
no mar da emigração.

Estou cansada
das promessas das campanhas eleitorais
e das promessas a longo prazo, dos governos eleitos.
(Tão a longo prazo que não chegam nunca )
Estou cansada desta hipocrisia
que corre em linhas de incerteza
nos lábios dos homens sem tempo
nem idade.

Elvira Carvalho


Hoje no Sexta o 25 de Abril comemora-se com outro poema meu. Se lhe apetecer passe por lá.
Resto de bom feriado e bom fim de semana

sexta-feira, 19 de abril de 2013

ESCUTA


ESCUTA
o murmúrio do rio
de pedra em pedra.

não te parece
alguém
chorando?

talvez seja
o choro dorido
daquelas pobres mães
a quem
falta a comida
para matar a fome
aos filhos.

Ou quem sabe o lamento
do pobre velho
abandonado
num corredor de hospital
o corpo doente
a alma sem forças
para lutar .

Ou ainda
o desespero
do jovem,
que dia após dia,
rompe solas
e energias
na busca de emprego
engolindo a raiva
contra aqueles
que lhe roubam
o direito ao futuro.

Escuta
o murmúrio do rio
de pedra em pedra


Não te parece
alguém
chorando? 

Elvira Carvalho